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Review | ‘Chef Jack’, o primeiro longa de animação mineiro

   Neste mês, o filme ‘Chef Jack: O Cozinheiro Aventureiro’ estreou em salas de cinema de todo Brasil, e a equipe da Estação Lunar teve o privilégio de assistir durante a 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

   O filme produzido pela Immagini Animation Studios Brasil tem grandes nomes como Danton Mello e Guilherme Briggs na dublagem, e é o primeiro longa de animação produzido em Minas Gerais.

   A história se passa em um universo fictício e aborda um grande chef de cozinha que precisa passar por uma competição com outros chefs para conquistar o prêmio final.

   Para fazer uma análise sobre o filme, convidamos nossa equipe para analisar um pouquinho cada parte da animação.

Trailer de Chef Jack – O Cozinheiro Aventureiro

Roteiro

Chef Jack começa muito bem contextualizando sobre o universo em que vamos embarcar. Apesar de se tratar de um planeta fictício, elementos brasileiros presentes ao longo do filme nos dão a sensação de estar em casa comendo algo tão confortável como um Baião de Dois. As diferentes origens de todos os personagens deixam a história ainda mais rica, misturando diversas culturas em uma aventura cheia de altos e baixos.
O protagonista Jack, famoso chef renomado que tem como objetivo vencer a competição para se provar o melhor, é tomado por um egocentrismo revelado aos poucos ao longo da história. Leonard, assistente de Jack e fã número 1 do cozinheiro, o ajuda a entender que existem coisas mais importantes que se provar o melhor. Um grande exemplo da trajetória de transformação entre o que o personagem quer e o que ele realmente precisa.
A história termina com uma grande lição sobre quebra de expectativas, trazendo a amizade e o relacionamento entre Jack e Leonard como foco principal.

Taynara Miguel

Roteirista

Storyboard

Em se tratando das sequências de cenas de Chef Jack, pôde-se fazer um exercício visual divertido e interessante, e ao tentar supor todas as soluções desenvolvidas na etapa de storyboard, proporciona uma sensação do quanto decisões tomadas nesta etapa norteiam as etapas futuras de toda uma produção audiovisual, que por sua vez, envolve uma série de pessoas.
Embora o storyboard esteja atrás das cortinas, ou melhor, das grandes telas do cinema, pôde-se perceber como o planejamento das cenas são fluídas. Em diversos momentos do longa-metragem, como em cenas que possuem transições rápidas e dinâmicas, é possível imaginar como o artista de board pôde pensar, planejar e ilustrar a situação e como ela se desenrolaria para a cena seguinte.

Decisões como por exemplo, posicionamento de câmeras, que podem ilustrar planos detalhes, como um personagem roubando uma relíquia de ouro em um templo antigo, ou um plano aberto, mostrando a vastidão de uma floresta, são definidas neste momento, e Chef Jack demonstra isso com exímia habilidade.

Giovanni Auditori

Storyboarder

Storyboard de ‘Chef Jack’ presente no livro ‘Guia de Elaboração de Projetos Audiovisuais 3ª Edição’

Animação

O primeiro longa animado de Minas é de encantar os olhos em realização técnica. Com a animação 3D dominando as telas, é revigorante assistir a um longa 2D tão bem feito, principalmente sendo 100% brasileiro. É de dar um baita orgulho.
Os movimentos dos personagens foram muito bem pensados seguindo suas personalidades, de cara você já consegue entender o papel que cada um tem na história, com todas as suas peculiaridades de gestos e expressões. As cenas de ação cumprem bem o propósito com animações muito fluidas, movimentos rápidos e que dão aquela aflição para descobrir o desenrolar dos acontecimentos.
É possível ver uma forte inspiração em animações japonesas quando se trata de comida. Belíssimos pratos, ricos em detalhes com animações suaves que enaltecem o enredo. O corte da cebola, o barulho da faca, a delicadeza no preparo, o som de panela borbulhando, tudo isso faz com que as cenas de comida sejam o ponto alto do filme e agreguem muito à narrativa.

Júlia Itaborahy

Diretora de Animação

Taynara Miguel
Estação Lunar Studio