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Animação X Jogos: concorrentes ou aliados

Animação X Jogos: concorrentes ou aliados

É equivocado pensar que a animação e os jogos são áreas separadas no mundo do entretenimento. Os jogos precisam da animação em sua própria construção, seja para cada movimento que o personagem faz através da programação ou na forma de contar o enredo através das cutscenes (ou cinemáticas), que são cenas animadas que interrompem a jogabilidade para desenvolver melhor a história.

Essas duas mídias populares têm se juntado ainda mais com o surgimento das plataformas de streaming. Recentemente, a Netflix lançou a série animada Arcane, que tem sua história baseada em personagens do jogo League of Legends e que bombou entre ambos os públicos. Produzido pelo estúdio de animação Fortiche, a série traz uma belíssima mesclagem entre 3D com texturas e cores de 2D.

Arcane_ League of Legends (Divulgação_Netflix)
Arcane League of Legends (Divulgação_Netflix)

Outro exemplo trazido pela Netflix, é a série Cuphead, inspirada no jogo de plataforma diferente de todos os outros. Muito conhecido pela sua dificuldade elevada, mas principalmente pelo seu visual estonteante, o jogo traz o estilo de animação Rubber hose, usado em desenhos animados da Era de Ouro. A clássica abertura da Walt Disney Animation Studios, com o Mickey assobiando enquanto gira o manche de um navio, é um exemplo desse estilo, em que os personagens possuíam braços e pernas com curvas fluidas, sem articulação. Para atingir a técnica dos clássicos dos anos 30, o Studio MDHR, utilizou a animação tradicionalmente desenhada a mão, quadro a quadro, cada ação em loop sobre fundos de aquarela meticulosamente pintados. E assim como o game, a adaptação honrou esse estilo.

Game play do jogo Cuphead (Divulgação_Nintendo)
Game play do jogo Cuphead (Divulgação Nintendo)

No cinema, também é possível ver esse fenômeno. Um dos jogos mobile mais lucrativos, Angry Birds, já gerou dois longas de animação, e provavelmente ganhará um terceiro filme. Com um objetivo simples de lançar pássaros no ar para destruírem porcos e suas casas, o jogo não parecia ter um enredo elaborado o bastante para um longa, no entanto, a Sony Pictures desenvolveu personalidades para cada pássaro e criou uma história de origem, com claras intenções de se tornar uma franquia.

Os jogos se tornaram a forma de entretenimento mais lucrativa do mundo, e isso se deve a interatividade que eles proporcionam aos seus usuários. Pensando nisso, a Netflix lançou diversos títulos interativos em sua plataforma, em que você escolhe o destino da história e do seu personagem. Como exemplo dos que utilizam animação, temos “Carmen Sandiego: Roubar ou Não, Eis a Questão”, “Gato de Botas – Preso num Conto Épico”, “Johnny Test e a Grande Viagem do Bolo de Carne”, “O Chefinho – Pega Esse Bebê!”, entre outros. Um que pode se destacar é o “Pega Ladrão!”, do mesmo criador de Black Mirror. A série animada que utiliza respostas do espectador para ditar se o gato assaltante terá sucesso ou uma morte terrível, é claramente inspirada nos desenhos de Tex Avery, um diretor cinematográfico, animador, cartunista e dublador da Era de Ouro.

Por mais que animações e jogos sejam mídias diferentes no mundo do entretenimento, é válido notar que elas andam lado a lado e estão sempre influenciando uma à outra. Esses foram apenas alguns exemplos dessa parceria. Ainda há muito o que esperar, como novas histórias baseadas em jogos, assim como jogos baseados em animações.

Júlia Itaborahy
Estação Lunar Studio