
Você já se pegou abrindo o celular sem nem perceber? Ou pulando de app em app como quem troca de canal no controle remoto invisível da mente? Pois é. A tecnologia virou um tipo de oxigênio moderno — a gente respira sem nem notar. Mas no meio desse turbilhão de estímulos, fica a pergunta: ainda tem espaço pra criatividade de verdade?
Eu, do alto do meu vício em scroll infinito, diria que sim. Mas entendo quem tá se sentindo um pouco esmagado por tanta novidade, tendência e algoritmo.
As redes sociais abriram a porteira. Hoje, todo mundo tem uma câmera na mão e uma chance de viralizar. Qualquer vídeo pode ser o próximo “Top 1 do For You”. Tipo o “morango do amor”. De onde surgiu? Ninguém sabe direito. Mas tá em todo canto. Você come, você dança, você vira meme. E pronto: celebridade por 15 segundos.
Essa interconexão tem nome: Aldeia Global, conceito criado por Marshall McLuhan, que descreve como as tecnologias nos conectam com o mundo inteiro, nos tornando uma única “aldeia”, um único povo, mesmo que apenas no ambiente digital. Parece fascinante, né? Mas tudo isso pode se transformar em dependência constante em se manter conectado, não perder nada e buscar recompensas rápidas.
@metropolesoficial 🍓 A febre do #morangodoamor chegou com tudo, inclusive nos mais velhos! Uma senhorinha, toda empolgada, foi experimentar a sobremesa que virou #tendência nas redes. Só que o que era pra ser um momento #saboroso, virou uma cena hilária: ao morder o morango, o #caramelo grudento fez mais efeito do que o esperado. O resultado? A #dentadura dela ficou presa no doce e saiu junto na hora da mordida, que gerou boas risadas. #tiktoknotícias ♬ som original - Metrópoles Oficial
Uma pesquisa do Instituto Cactus com a AtlasIntel mostrou que quase 40% dos jovens no Brasil passam mais de 3 horas por dia nas redes sociais. Mas, sinceramente? Nem precisava do dado. Basta entrar no ônibus, na fila do mercado, ou dar uma olhada no espelho.
A real é que essa avalanche de informação ativa um modo turbo de recompensa no nosso cérebro. A cada curtida, a cada vídeo de gatinho fofinho ou trend do TikTok, uma mini dose de felicidade pinga no sistema. Só que isso tem nome: dopamina digital. E quando a gente se acostuma a essa felicidade fácil, conteúdos mais profundos começam a parecer… chatos. Lentos. “Desinteressantes”.
Existe até um termo pra isso: Brain Rot, ou “apodrecimento mental” (bem poético, né?). É quando o cérebro vai perdendo a paciência pra refletir, pra se aprofundar, pra pensar por conta própria. Tipo aquele momento em que você vê um texto com mais de três parágrafos e já procura o resumo no final (sim, eu sei que você faz isso, eu também faço).
E adivinha quem entra no meio dessa história? A Inteligência Artificial, claro.
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, fez um estudo com três grupos escrevendo textos. Um usou o ChatGPT, outro só o Google, e o último escreveu somente com seus conhecimentos. O grupo do chat teve menos atividade cerebral. Menos esforço, menos pensamento. Tudo pareceu fácil demais. E o cérebro, preguiçoso que é, adorou. Mas aí mora a armadilha, pois a facilidade demais nos torna preguiçosos, diminuindo nossa capacidade cognitiva e criativa.
Também não é sobre demonizar tecnologia. A IA tá aí pra ajudar, e ajuda! Mas ela não pode ser muleta criativa. Até porque, por enquanto, ela ainda não sente e não tem a nossa capacidade única de criar.
Ela é ferramenta. Quem dá alma pro que é criado somos nós.
Quer um exemplo? Marisa Maiô. Um personagem criado por Raony Phillips, que surgiu no digital e hoje está estrelando campanhas publicitárias. Isso é criatividade com contexto e com timing. É isso que a IA não consegue replicar: o olhar afiado, a sacada cultural, o humor que conecta.
Por isso, mesmo com toda a tecnologia à disposição, criar ainda exige algo que nenhuma máquina tem: bagagem humana. Referência de infância, traumas, paixões, decepções, playlists de fossa. Tudo isso vira repertório. E repertório vira ideia.
A gente usa IA, sim. Ferramentas, automações, plataformas. Mas nunca deixamos isso tomar o lugar da nossa essência: a criatividade 2D, pensada por gente de carne e osso. Esse texto também foi revisado por IA. A tecnologia é nossa aliada, mas quem pilota a nave somos nós. (Frase clichê de impacto pra deixar o final emocionante)
Esse é só um convite: bora pensar sobre como estamos criando, consumindo e vivendo. Porque, no fim, a gente não precisa ser mais rápido que o algoritmo. A gente só precisa ser mais humano que ele.
Gostou e quer saber mais? Vamos bater um papo!