Histórias em quadrinhos marcaram a humanidade. Desde o surgimento da imprensa é uma das mídias mais procuradas para consumir narrativas e histórias. Diferente dos livros que dependem totalmente da imaginação do público para interpretação, os quadrinhos possuem ilustrações que ajudam na hora de guiar a mensagem na cabeça de quem está lendo. Porém ainda assim depende da imaginação, já que o tempo entre uma ilustração e outra, o tom de voz e intensidade das ações é totalmente abstrato.
Já no cinema, além de muitos frames de diferença, as histórias podem sofrer mudanças na forma de interpretação do público. Por isso, fazer uma adaptação vai além da fidelidade dentro da narrativa. É preciso analisar o contexto em que ela será feita e o tipo de público que irá recebê-la, já que dentro do filme existe pouco espaço para a imaginação.
Usando como exemplo o clássico brasileiro Turma da Mônica, é possível observar um cuidado grande quando se trata das adaptações para o audiovisual. Por possuir personagens que estão no consciente de públicos de diferentes idades por mais de 50 anos, a cautela na hora de definir os personagens e detalhes como voz e interpretação é fundamental.
Turma da Mônica
Nas animações clássicas de Turma da Mônica os traços das revistas são seguidos fielmente e a voz dos personagens possuem sempre o mesmo tom. Em 2013 uma nova adaptação da turma do limoeiro foi lançada: Mônica Toy. Com traços diferentes das ilustrações presentes nas revistas em quadrinhos e sem dublagem, na animação permanece a mesma essência dos personagens, provando que o consciente coletivo consegue identificar os personagens mesmo em um formato diferente.
Em outro exemplo, a animação Homem-Aranha no Aranhaverso, lançada em 2018 baseada no famoso herói dos quadrinhos, inovou ao mostrar diferentes versões do herói em um único filme. Com um estilo de ilustração baseada no estilo clássico dos quadrinhos, a animação é toda baseada em estilo frame a frame que acrescentam detalhes ao filme.
Homem-Aranha no Aranhaverso (2018)
Diferente dos live actions, o filme explorou diferentes estilos de ilustração de acordo com as versões do Homem-Aranha nas HQs, provando que além de criar seu próprio universo a animação pode explorar diversas perspectivas visuais diferentes para mostrar algo na tela.
A animação pode ser uma ferramenta ótima tanto para criar uma nova história quanto para processos narrativos que já existem, criando novas histórias e interpretações para a mensagem.