O dia 10 de março de 2024 será marcado com a 96ª cerimônia de entrega dos Academy Awards, o Oscar 2024. E entre diversas categorias, a de “Melhor animação” e “Melhor curta animado” ganham destaque esse ano por apresentarem maior diversidade entre os indicados.
A categoria de “Melhor curta animado” existe desde os primeiros anos da cerimônia, já a categoria de “Melhor animação” foi introduzida na premiação apenas em 2002, o que ajudou a dar mais destaque e reconhecimento a esse gênero.
O Oscar é considerado um dos prêmios mais prestigiosos na indústria cinematográfica. Ter categorias e indicações de filmes de animação oferece visibilidade e reconhecimento global, consolidando a diversidade da arte de contar histórias e transformando a animação em um gênero versátil e criativo.
Sendo assim, veja quem são os indicados nas categorias de animação e aproveite para conhecer mais sobre a diversidade do mundo animado.
Produção do Studio Ghibli, o filme “O Menino e a Garça” conta com roteiro e direção de Hayao Miyazaki, também criador do clássico “A Viagem de Chihiro”, filme que conquistou o Oscar de Melhor Animação na premiação de 2003.
A animação, sendo uma semi-autobiografia, traz reflexos dos próprios pensamentos e experiências de Hayao. Nela, Mahito, após a morte de sua mãe, se aventura em um mundo espiritual, buscando respostas para questionamentos sobre a vida e seu próprio propósito, tornando a narrativa impactante e pessoal.
Esse filme venceu a categoria de Melhor Animação no Globo de Ouro e no BAFTA deste ano, concorrendo até com Elementos e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, que também estão indicados ao Oscar. Será que Hayao leva outra vitória para casa?
**Estreou dia 22/02 no Brasil, ainda disponível nos cinemas.
Os opostos se atraem?! Essa é uma das grandes questões de Elementos, animação da Disney e da Pixar, com a direção de Peter Sohn. O filme ocorre na cidade Elemento, onde os habitantes de água, ar, terra e fogo convivem entre si, mas com certas diferenças.
A história gira em torno de dois personagens: Faísca, uma garota de fogo, e Gota, um cara de água. Além das diferenças, o que surpreende é o quanto eles têm em comum, e isso traz outra visão para a narrativa. Trazendo uma forte alusão à imigração, a animação diz sobre expressar sentimentos e aceitar as diferenças.
**Disponível no Disney+.
Nimona é uma adaptação da de mesmo nome escrita por ND Stevenson, e tem como diretores Nick Bruno e Troy Quane. A história gira em torno de Nimona, uma metamorfa, que conhece Ballister, um dos guerreiros do reino. Após uma tragédia, Ballister é acusado de um crime que não cometeu, então, com ajuda de Nimona, eles procuram provar sua inocência.
A animação apresenta uma temática LGBTQIAPN+, e além dos personagens, conta com dubladores Chloe Grace Moretz, Eugene Lee Yang e RuPaul, que também fazem parte dessa comunidade. Esse, supostamente, é até um motivo da Disney ter cancelado a produção do filme. E independente disso, seu lançamento obteve 94% de aprovação no Rotten Tomatoes.
O estúdio por trás do longa é o Annapurna Animation. Porém, foi lançado globalmente na Netflix, sendo uma grande aposta do streaming. É importante lembrar que, ano passado, a Netflix levou o Oscar com “Pinóquio”, de Guillermo del Toro. Esse ano seria a vez de Nimona?
**Disponível na Netflix.
Baseado em uma graphic novel de Sara Varon, Meu Amigo Robô (ou Robot Dreams, no original) é uma produção franco-espanhola dirigida por Pablo Berger. O roteiro da animação, baseado em imagens, não há falas. E seu enredo conta a história de uma amizade entre um cachorro e um robô.
Com personagens antropomórficos, o cão estabelece uma amizade genuína com um robô, mas em um determinado passeio na praia ele precisou largar o robô por lá. Essa separação tira o cachorro da zona de conforto e o força a se socializar, indo em busca de resgatar o seu amigo. Enquanto o robô, paralisado na areia, começa a sonhar com o retorno de seu companheiro e em como seriam seus dias juntos.
Com traços em 2D, o filme traz sobre a fragilidade das amizades, solidão e como é estar exposto a essas realidades. O longa teve ótimas críticas no Festival de Cannes, e é uma boa aposta para o Oscar esse ano.
Após cinco anos, Homem-Aranha no Aranhaverso ganhou sua continuação, agora com Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson na direção. Ainda com uma mistura de elementos visuais de HQs e animações em 2D e 3D, sua temática de realidades alternativas esbanjam criatividade e diversidade entre os personagens.
Nessa continuação, Miles Morales é provado e precisa aprender as consequência de ser um heroi, o que o torna mais confiante e maduro. Com novos Aranhas e um destaque maior na história de Gwen Stacy, o filme traz muitas referências que deixaram os fãs ainda mais animados e ansiosos para uma terceira história.
O primeiro filme venceu o Oscar em 2019. Vale lembrar que uma continuação vencedora só ocorreu uma vez com “Toy Story”, com o Oscar de animação em 2011 e 2020. Será que o Homem-Aranha vai levar outro Oscar para casa?
**Disponível na Max.
O curta-metragem de animação israelense Letter to a Pig traz sobre questões do trauma coletivo após o Holocausto e sobre como as lembranças devem ser ressignificadas quando transmitidas às gerações futuras. Dirigido por Tal Kantor, utiliza-se uma fusão de técnicas de desenhos 2D feitos à mão com ilustrações pintadas.
Ninety-Five Senses, dirigido por Jared e Jerusha Hess, apresenta seis estilos diferentes de ilustração. A trama aborda um homem que confronta a sua própria mortalidade ao ponderar sobre os erros do passado, trazendo como reflexão a forma como percebemos a vida. “Pode ser que na próxima vida tenhamos noventa e cinco sentidos”.
**Disponível no DOCUMENTARY+.
Our Uniform é o primeiro curta iraniano de animação indicado ao Oscar, dirigido por Yegane Moghaddam. A ideia é representar o “Hijab” e mostrar como é ser uma estudante no Irã, transmitindo os sentimentos de como é usar essas vestimentas. O curta, então, relembra memórias da escola através do tecido usado nesse projeto.
Dirigido por Stéphanie Clément, o curta Pachyderme trata sobre temas delicados, como questões de abuso dentro da família e traumas. Com técnicas de pintura na ilustração, as imagens retratam a personagem lutando contra suas próprias memórias, utilizando de mecanismos de defesa psicológica para fugir do que aconteceu.
O curta apresenta a famosa canção natalina Happy Xmas (War Is Over) de John e Yoko, retratando uma história anti-guerra. A narrativa ocorre em uma realidade alternativa da Primeira Guerra Mundial, onde a guerra avança enquanto dois soldados de lados opostos jogam xadrez, mediado por um pombo-correio que entrega os movimentos. Dirigido por Dave Mullins, foi vencedor do Annie Award de melhor curta-metragem em 2023.
Com esses indicados, percebe-se a diversidade que está sendo inserida no Oscar, não só em técnicas de animação, mas também na origem de cada filme. São diferentes histórias que atendem a diversos gostos.
Agora que já sabe sobre todos os indicados, uma pergunta: para quem vai sua torcida?!