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“Elemento X” na criação de um personagem animado

Representação do processo de criação do Kosmo.
Ilustração: Júlia Itaborahy
Kosmo acenando.

Olá, terráqueos! Para quem ainda não me conhece, sou o Kosmo, Head de Comunicação Intergaláctica aqui da Estação Lunar.

Fui convocado para contar um segredo para você (🤫): como eu e os meus amigos fomos criados. Assim como As Meninas Superpoderosas, tivemos uma mistura de “açúcar, tempero e tudo que há de bom” na nossa criação – e é claro que não poderia faltar o “Elemento X”.

Açúcar, tempero e tudo que há de bom

De início, assim que fechamos uma parceria, temos uma reunião de briefing para alinhar alguns pontos. Nela, além de conhecermos melhor a sua empresa, vamos alinhar expectativas de como vai ser o personagem e quais referências você tem.

Com isso, começamos uma etapa muito importante da criação: o estudo da marca. Aqui, minha equipe adota uma postura de detetives para conhecer ainda mais sua empresa. É importante entendermos sua cultura, como missão, valores e o seu público-alvo, como idade, profissão, sexo e outros. Isso torna a conexão do personagem com seus clientes fácil de se acontecer.

Entendido qual o posicionamento e tom de voz da sua marca, vamos para a etapa de desenvolvimento da personalidade. É a partir daqui que eu comecei a existir.

Ter referências é o primeiro passo para a criação de um personagem animado. É a hora de assimilar todas as informações obtidas anteriormente com o estudo da marca e visualizar o que vai ser criado, tendo os moodboards como guias. Você vai conseguir visualizar melhor nesse moodboard do Miguel.

Personagem
Moodboard do Miguel.

Outro ponto importante na definição da nossa personalidade é a definição de arquétipos. Desenvolvidos por Carl Jung, os arquétipos são considerados padrões universais de comportamento:

“Formas ou imagens de natureza coletiva, que ocorrem em praticamente toda a Terra como componentes de mitos e, ao mesmo tempo, como produtos individuais de origem inconsciente.”

C.G. Jung, Psychology and Religion

Personagem

Como exemplo, trouxe o meu amigo Gente Boa. Seus arquétipos são o cara comum, o prestativo e um pouco bobo da corte. Com a junção desses arquétipos, conseguimos moldar uma personalidade que transmitisse pertencimento e confiança, com altruísmo e um pouco de diversão.

Mas se você pensou que nós éramos apenas um rostinho bonito, tenho mais para te contar.

Para ganharmos vida, é importante termos uma história. A galera do estúdio consegue montar uma narrativa bem envolvente que se conecta com o público. O Miguel, por exemplo, tem 27 anos e trabalha como auxiliar administrativo em uma loja de tecnologia. Além disso, ele adora cuidar de plantas, animais (como o seu gatinho Nestor), assistir filmes e jogar videogame. Seu maior sonho era sair do aluguel e ter a sua casa própria.

Ah, e ainda escutamos músicas! Vou dar uma pausa aqui, mas enquanto isso, dá uma olhadinha na playlist do Gente Boa. Quem diria que ele escuta LUDMILLA, hein?!

Ufa! Voltei!

Fui ali pegar um cafézinho para continuar conversando contigo.
Esse início foi bem teórico, mas prometo que agora vem a parte legal.

Uma folha em branco e um lápis podem te ajudar
nessa próxima etapa. 😉 Aceita uma xícara?!

Kosmo oferecendo uma xícara de café.

Depois de todo esse estudo inicial, podemos começar os esboços visuais. Nessa etapa, é muito importante entendermos sobre linhas, formas, movimentos e cores. Como meu objetivo é mostrar nossa criação, vou fazer um resumo.

Existem conceitos de design que nos guiam nessa parte. Por exemplo, usar círculos ou outras figuras mais arredondadas, podem dar uma impressão de amizade, fofura e bondade. Personagens com formas mais pontiagudas e triangulares mostram agressividade e instabilidade. Já o uso de quadrados e retângulos demonstram equilíbrio, confiança e estabilidade.

Um contraste entre linhas retas e curvas na silhueta conseguem trazer fluidez e movimento ao personagem. E no uso das cores, opte por azul se quiser passar tranquilidade ou por vermelho, se quiser transmitir paixão. A Matilde Filmes tem um conteúdo que detalha bem a psicologia das cores.

Personagem

Para exemplificar, dê uma analisada no Henri.

Suas formas mais quadradas conseguem transmitir uma certa estabilidade e confiança, enquanto os traços mais arredondados deixam sua personalidade divertida e simpática. Suas linhas finas, com gradientes de cor para diferenciar partes do corpo, reforçam o aspecto de elegância e refinamento nas formas.

Dito isso, é agora que começam os desenhos. No final ainda te entregamos 3 opções. Nossa gestão de alternativas permite que você visualize melhor que tipo de personagem combina com a sua marca.

Olha essas alternativas do meu amigo Hakuno. A versão do meio foi a escolhida e representa bem a marca, com uma personalidade heroica e aventureira e com movimentos mais ágeis, permitindo que ele seja explorador e livre.

Alternativa 1 para o Hakuno.
Alternativa 2 para o Hakuno.
Alternativa 3 para o Hakuno.

Escolhendo a versão que se encaixe melhor no seu negócio, vamos para a última etapa que é a arte final e posições estáticas.

O Hakuno ganhou algumas posições estáticas que são mais usadas no dia a dia, como essas aqui, e isso permite que o personagem seja usado em diferentes ocasiões.

Personagem
Mockup do Hakuno em balde.

Além disso, temos o model sheet, onde conseguimos visualizar o personagem de diferentes ângulos. Por exemplo, essa variação de bocas do Henri são utilizadas para permitir uma sincronia labial nos seus vídeos.

Model Sheet do Henri, com variações de bocas e mãos.

E é essa a versão final. Seu mascote já está pronto!

Ops… o “Elemento X”

Ao contrário das Meninas Superpoderosas, o nosso “Elemento X” não foi acidental. Como vocês viram na última matéria, aqui ocorre a etapa que dá o nosso super poder: é a hora do rigging.

O rigging é o processo de construção de um esqueleto simulando articulações para controlar e animar o personagem. É uma etapa que demanda bastante planejamento e atenção.

É importante dividir os membros, como mão, antebraço, antebraço + mão (para movimentos no cotovelo, por exemplo). Quanto mais divisão, maior liberdade de movimentos.

Além disso, com o model sheet, conseguimos montar um banco de mãos, bocas e olhos dentro do software que permitem mudanças de expressão. E através do master controller, a gesticulação se torna mais fluida e sincronizada.

Infelizmente, sem o rigging, nossa vida não está completa. Foi a adição desse “Elemento X” que me deu o poder de comunicar com a câmera, podendo mudar de ângulo sem perder a fluidez dos meus movimentos. É o rigging que nos aproxima ainda mais de vocês, humanos.

Pode ser um processo confuso, mas eu trouxe o rigging do meu amigo Jurandir para você ver. É possível notar que o corpo está dividido em diferentes membros que permitem os movimentos.

Time lapse do rigging do Jurandir.
Time-lapse do Jurandir no Toon Boom

E era esse o meu segredo: todas as etapas da criação de um personagem animado 2D. Foi a partir daí que eu comecei a existir.

Se você está pensando em dar vida à sua marca com um personagem, o meu time da Estação Lunar vai cuidar bem do seu mascote em todas essas etapas. É só entrar em contato com a gente!

Kosmo
Estação Lunar Studio